quarta-feira, novembro 4

Tragicômico

Eu adoro programas ao estilo “mundo cão”. Não me entenda mal, nobre amigo, mas eles são uma terapia para quem os segue por aqui, em Macondo Pessoa (pois esta terra é digna da imaginação de García Marques). O estilo mal-estruturado parece ter um quê de proposital para fazer rir. É de um amadorismo tão bem construído, que eu poderia jurar que é milimetricamente pensado para tal.

Seria como – numa comparação carregada de eufemismo – no teatro grego (tragédia e comédia), embora encenadas ao mesmo tempo. Seria cômico, não fosse trágico. Seria trágico, não fosse cômico... Nesse caso, ambos se aplicam.

Obviamente não sou eu quem vai rir da condição desumana do outro, estou me referindo ao comportamento dos apresentadores e repórteres ao entrevistar vítimas/algozes, comentar os casos, e/ou apresentar as situações.

Cito algumas delas:

Programa Caso de Polícia (exibido pela TV Tambaú, afiliada do SBT):

O cidadão é preso por furto de um “camelo” (bicicleta) e portava uma faca. Durante a entrevista ele dizia merecer uma segunda chance porque não era drogado:

– Você usa drogas? (repórter)

– Não. Eu só fumo maconha (acusado)

– E maconha não é droga? (repórter)

– É não. É uma planta (acusado)

– Você tem algo a dizer em seu favor? (repórter)

– Eu tenho uma banda (acusado)

– Então diga pra Lauro Lima (apresentador do programa) o nome da sua banda (repórter)

– Quem é Lauro Lima? (acusado)

– Você não sabe? Não assiste televisão, não? (repórter)

– Eu só assisto Jornal Nacional e Caminho das índias (acusado)

(Ah! Tá)


Programa Cidade em ação (exibido pela TV Arapuã, afiliada da Rede TV):

Samuka Duarte (apresentador) comenta sobre uma reportagem recém-exibida sobre a apreensão de pedras de crack, as quais ele chama carinhosamente de rapadura do diabo:

– Gente, vocês tem que entender que o diabo (leia-se djábu) coloca coisa (assim, sem concordância mesmo) bunita (entre outras coisas) na vida da gente pra nos enganar. O diabo mostra essa coisa linda, que parece uma rapadura, pra gente achar gostoso.

- Veja, num dá vontade de lamber?

(Nessa hora eu me assustei... Juro!)

Agora, digam-me, sinceramente, é ou não é pra morrer de rir?!

4 comentários:

Isabella Araújo (Zabella) disse...

sinceramente, não sei qual o pior...
mas que é engraçado, isso é!
;)
abraço, carolzita!

Mythus disse...

Ainda passa Caminho das Índias?

Carolina Queiroz disse...

Agora não mais, mas à época, sim.

kahmei disse...

realmente o amadorismo é tão surreal que parece ser proposital.. aqui como ai vivemos esta situação aberrante.. e ainda me dizem que não tem intensão nenhuma a retirada da exigencia do diploma para nossos caros jornalistas .. espero que a realidade seja vista com mais respetio apesar de parecer um sonho impossivel..
adoro sua escrita
=)

te mais...