sexta-feira, novembro 13

Moralismo patético

Eu não queria falar sobre isso, mas acabei sucumbindo ao murmurinho geral.

Minhas impressões sobre o caso Geyse Arruda:

Gosto é como cavidade anal, cada um tem o seu. Não nos cabe discutir o comprimento, a cor, ou a “decência” do vestido (de gosto duvidoso, vale salientar). Ainda mais nós brasileiros, que aceitamos nudismo carnavalesco numa boa, cultuamos as bundas alheias e achamos normal novelas com cenas que beiram o sexo explícito.

Nos escandalizando com um microvestido?

Toda aquela balbúrdia em cima daquela moça, estivesse ela ultra-coberta, ou semi-nua, foi por puro preconceito e não por “zelo aos bons costumes”. Me poupem desse discurso hipócrita.

Muito do que aconteceu aquela moça é, e afirmo com convicção, porque ela é filha de metalúrgico e dona de casa. Se fosse filha de advogados, médicos, socialites (dentre outras “condições” de prestígio) não teria sido expurgada como foi.

Vejo mocinhas semi-nuas exibindo seus decotes em faculdades o tempo todo, com discursos pré-prontos de quem acabou de botar silico e precisa mostrar o investimento; vejo rapagotes com camiseta regata, bermuda e chinelo como fardamento obrigatório; vejo professores trajando um look “Agostinho Carrara” (camisa florida, calça xadrez e capanga pendurada no suvaco), como se tudo isso também não fosse um atentado violento ao bons costumes da moda parisiense.

(Ah! vão catar coquinho)

Chega de tanta hipocrisia, sabe?! Eu sei que existe o adequado e inadequado para certas ocasiões, não estou me contra-colocando à isto, mas convenhamos, as regras não deviam se aplicar apenas a esta pessoa. No próprio vídeo, dá pra ver meninas de barriga de fora e decotes absurdos.

O que não se explica é a falta de respeito da universidade em punir a vítima e ainda corroborar com a atitude preconceituosa de seus alunos. Isso sim é um atentado.

Uma delegada uma vez disse que os estupradores, quando justificam atacar suas vítimas, dizem que “ela provocou” por usar uma roupa sensual. Isso é um contra-senso. Nada justifica a violência.

Acho que a Uniban violentou essa menina, quando a expulsou... Pior pra Universidade, que está internacionalmente taxada como excludente. Os amorais aqui são o reitor e seus corpos docente e dicente.

5 comentários:

Carolina Queiroz disse...

Professora Ivana Bentes UFRJ escreveu no Twitter: “Enquanto o Rio de Janeiro inventou o funk pós-feminista hard core de Tati Quebra Barraco em SP caras querem linchar loira desinibida!“.

E ainda: “A garota é de familia humilde e a mauriçolândia hostilizando a estética periférica: desinibidas e popozudas chegando na Universidade“.

E Miguel do Rosário, pra concluir, disse: “A garota saiu de casa, numa comunidade pobre, sem ser molestada na rua. Entrou num ônibus, onde causou apenas o frisson natural. Enfim, circulou por toda a parte tranquilamente. É na Universidade, porém, que ela encontrou o ambiente mais agressivo, mais preconceituoso, mais brutal.”

Carolina Queiroz disse...

Ah, vale salientar que alguns alunos que participaram da selvageria deram entrevistas em programas de televisão, dizendo que Geyse estava “defamando” (sic) a imagem da Uniban.

clap, clap, clap!!

Palmas pra eles.

Gil de todos os dias disse...

Oi Carol,

Eu me chamo Gilmara, trabalho aqui na TV Cabo Branco e estou desesperada à sua procura. Manda um email pra mim com teu telefone. gilmaradias@cabobranco.tv.br

Aguardo contato

Beijinho

de Aguiar disse...

saudades de tu...e disso aqui.

soube dos planos...dedos cruzados por vcs!

bjao

Carolina Queiroz disse...

Que bom, André. Coisa boa é ter amigos que nos desejam o melhor!